Projeto Capeta

 

O Boulevard

O Boulevard foi uma das tentativas frustradas da Brasinca de desenvolver projetos para a Willys, e o primeiro dos três veículos do "Projeto Capeta", que culminaram com o desenvolvimento do "Capeta GT". Foi construído apenas um exemplar. Seu destino é discutido. Alguns afirmam que o veículo foi destruído pela Willys, porém na reportagem da revista 4Rodas Nº 49, pode-se entender que o veículo tenha ficado com a Brasinca.

No início dos anos 60 a Brasinca já construía, entre outros produtos, as carrocerias do Toyota Bandeirante e da perua Chevrolet Brasil, que só retornavam às respectivas fábricas para receber chassis, mecânica, e acabamentos. Assim, ciente de que a Brasinca tinha capacidade para agregar outros produtos, Sady Schueler Moura, fundador da Brasinca, teve a idéia de fabricar um carro esporte, o qual foi oferecido à Willys Overland. O motor Willys, apesar de não ser exatamente adequado para um GT, tinha grande cilindrada (2.600 cc) e uma boa rede de assistência técnica, sem contar que foi muito utilizado nos Estados Unidos na década de 50 em vários kit-cars de fibra de vidro, como o esportivo Woodill Wildfire.

O protótipo da Brasinca, denominado "Boulevard", utilizava a carroceria de chapas de aço,  já que a atividade principal da Brasinca era o fornecimento de partes de carrocerias para montadoras de veículos. Na motorização no protótipo foi mantido o motor 2600 com dois carburadores (falava-se em colocar três). A caixa de câmbio era a do Aero-Willys, de três marchas, assim como sistema de direção e outros componentes mecânicos, inclusive o painel de instrumentos. A idéia era que o Boulevard fosse construído paralelamente ao Aero-Willys , com o conceito de um "sedam" duas portas esportivo, sem atingir o segmento atendido pelo Interlagos.

Este carro chegou a ser avaliado e testado pela Willys Overland do Brasil mas não foi aceito por sua diretoria.

O engenheiro espanhol Rigoberto Soler Gisbert, que já havia trabalhado na fábrica do Pégaso (Espanha), assim como na Vemag do Brasil onde havia desenvolvido a perua Fissore (que não entrou em produção) era a pessoa do departamento de estilo da Willys Overland do Brasil (WOB) responsável pel o projeto. A Willys optou por um desenvolvimento próprio, e Rigoberto Soler projetou um chassis tubular para receber a mecânica do Aero 2600, com uma carroceria mais esportiva. Apenas o chassis foi construído e apenas uma foto é conhecida (abaixo), mas a idéia de um chassis em treliça não foi aceita pela Willys. Alguns desenhos da carroceria foram feitos, já indicando as linhas gerais do Capeta. Com a rejeição do projeto Soler afastou-se da Willys, sendo então contratado pela Brasinca, onde desenvolveu o esportivo "Brasinca 4200 GT"/"Uirapuru", com os mesmos conceitos que vinham sendo utilizados no "Projeto Capeta". Como Diretor de Estilo foi contratado Roberto Araújo que assumiu o desenvolvimento do projeto Capeta, com a orientação de ter o carro pronto para o Salão do Automóvel de 1964. Nesta época já estava em uso o "Interlagão" para testes da mecânica do Aero-Willys.

Pouquíssimas fotos existem do carro, e a única matéria conhecida é a publicada nas revistas "4 Rodas" Nº 34, de maio de 1963, e Nº 49, de agosto de 1964.  Nas reportagens da revista Nº 34, claramente já é utilizado a denominação de "Projeto Capeta". Na segunda reportagem já é comentado que a Brasinca não mais iria desenvolver o projeto para a Willys. Rigoberto Soler havia saído da Willys e estava trabalhando na Brasinca desenvolvendo um projeto próprio, baseado no Boulevard, que viria a ser o Brasinca 4200 GT, apresentado no Salão de 1964 como Uirapuru. Sabe-se que o carro tinha a cor vermelha.

 

Modelos no Departamento de Estilo da Willys - Capeta, Interlagos Berlineta, e Boulevard

 

Modelo em madeira                                  O Boulevard, em chapa na fase final de montagem

 

Fotos das reportagens da Revista 4 Rodas


"Jornal do Brasil" - RJ,  08 de outubro de 1963, caderno de automóveis, página 2

Obs do site: Note-se que nesta data, o Boulevard já havia sido abandonado, e o carro do projeto Capeta em desenvolvimento era o Interlagão.


Chassis com estrutura tubular

Abaixo a única imagem que conhecemos do chassis em treliça projetado por Rigoberto Soler na seqüência do Boulevard. O posicionamento dos componentes mecânicos seguem ainda o Boulevard, e o desenho apresenta poucas modificações, com o nariz mais baixo, e a traseira inclinada até o final do carro. Posteriormente, já no "Interlagão", o projeto alterou o posicionamento mecânico, com motor e posição do motorista e passageiro mais recuados, e o carro notadamente mais baixo. Este chassis não chegou a receber uma carroceria.



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